Escrito por Arthur Vieira
Olá, temos resenha dos volumes anteriores basta clicar no link abaixo.
Ficha Técnica
. Título: Neon Genesis Evangelion Collector’s Edition
. Volume 4 de 7
Resenha
O quarto volume de Neon Genesis Evangelion representa uma mudança significativa na trama, na qual o mangá de Yoshiyuki Sadamoto se distancia ainda mais do anime e explora mais profundamente as tensões psicológicas entre os personagens. Nesse ponto, a trama vai além do simples embate entre EVA e Anjos, aprofundando-se mais nas relações humanas, nos traumas e na ruptura emocional que afeta a NERV.
A introdução de Kaworu Nagisa ocorre logo no começo, aproximando-se de Shinji de maneira muito mais ambígua e sombria do que na animação. Ao contrário do anime, em que a conexão entre os dois é curta e quase etérea, no mangá Sadamoto investe mais tempo nesse relacionamento, fazendo com que a personagem Kaworu seja mais enigmática, porém também mais sugestiva. Ele aparece como uma figura que percebe o vazio em Shinji e se insere nele, provocando tanto conforto quanto desconforto.
Ao mesmo tempo, a relação entre Misato e Kaji é destacada. A história compartilhada dos dois e os segredos de Kaji revelam o contexto político que envolve a batalha contra os Anjos. A intriga entorno do Projeto de Instrumentalidade e SEELE se torna cada vez mais clara, à medida que Kaji atua como uma peça isolada, desvendando mistérios que nem Misato poderia conceber. Essa camada política confere ao volume uma sensação de paranoia crescente, preparando o leitor para revelações mais impactantes.
Outro aspecto notável é o agravamento do sofrimento de Asuka. A dificuldade de Shinji em se conectar com Rei aumenta, assim como o ressentimento em relação à presença de Rei, resultando em conflitos constantes. O mangá apresenta sua insegurança e fragilidade de maneira mais cruel e direta: por trás de sua arrogância, existe uma solidão insuportável, que será crucial para sua queda futura.
As batalhas também não perdem intensidade. Um dos episódios mais significativos, que coloca Rei em destaque, é o embate com o Anjo Armisael. A fusão parcial com o inimigo e a escolha de se sacrificar consolidam seu papel como personagem trágico, ao mesmo tempo enigmático e essencial para o futuro da humanidade. A cena é repleta de tensão, e Sadamoto a apresenta de maneira visualmente poderosa, transmitindo ao leitor a impressão de que cada batalha tem um preço emocional inestimável.
O volume termina em um ponto de maior densidade: Shinji, cada vez mais confuso, dividido entre o apelo do conforto silencioso de Kaworu e o vazio de sua interação com os outros; Asuka, mergulhada em sua própria crise de autoconfiança; Misato, enfrentando segredos que abalam sua fé; e Rei, que persiste na linha tênue entre o humano e o inumano. A sensação de um colapso iminente permeia cada página, preparando o caminho para a espiral ainda mais obscura dos volumes subsequentes.
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