Sinopse
No século XIX, Thomas Hutter, um corretor de imóveis, parte para uma região isolada da Europa com o objetivo de negociar com o misterioso Conde Orlok. O que inicialmente era apenas uma transação comercial se converte rapidamente em um pesadelo sobrenatural, ao se deparar com a verdadeira identidade de Orlok. Em paralelo, a esposa de Hutter, Ellen, é alvo de uma obsessão obscura do vampiro, resultando em um conflito entre a humanidade, o desejo e a morte.
Critica
A nova versão de Nosferatu (2024), sob a direção de Robert Eggers, é uma viagem obscura pelo universo do expressionismo alemão, equilibrando a reverência ao clássico de F.W. Murnau com a marca registrada do diretor. Eggers apresenta uma narrativa visualmente impactante, caracterizada pelo clima gótico presente em cada pintura. No entanto, o filme transcende a estética, oferecendo uma perspectiva íntima sobre a história do Conde Orlok e seus trágicos desfechos.
No papel do misterioso vampiro, Bill Skarsgård apresenta uma atuação cativante e perturbadora. A sua aparência exagerada e a habilidade de encarnar a monstruosidade do personagem dialogam diretamente com a visão aterrorizante e quase surreal do vampiro de 1922, porém com nuances psicológicas mais delicadas e um componente emocional que humaniza o mito. Lily-Rose Depp se destaca na pele de Ellen Hutter, dando à sua personagem um forte núcleo emocional, cuja fragilidade e resolução elevam o dilema moral do filme.
A direção de arte e a cinematografia sobressaem-se, reinterpretando com habilidade o espírito expressionista alemão, porém com elementos contemporâneos que tornam a experiência mais compreensível para novos espectadores. A utilização do chiaroscuro, cenários desolados e paisagens extensas, assombradas pela presença do vampiro, criam um ambiente que é ao mesmo tempo nostálgico e inovador. Cada cena é uma obra de arte em movimento, repleta de simbolismos que intensificam a carga existencial da história.
Nosferatu representa um marco artístico que valoriza suas raízes, ao mesmo tempo que amplia as fronteiras do cinema de terror. Trata-se de uma reflexão sombria acerca da essência da obsessão, da mortalidade e do grotesco, elaborada com a meticulosidade de um diretor que domina como ninguém a arte de desmontar e reformular mitos. Uma vivência perturbadora, ao mesmo tempo bela e aterrorizante.
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