. Título original: 葬送のフリーレン 第2巻
. Roteiro: Kanehito Yamada (山田鐘人)
. Arte: Tsukasa Abe (アベツカサ)
. Gênero: Fantasia, Drama, Aventura, Slice of Life
. Editora original (Japão): Shogakukan
. Editora nacional: Panini
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A construção do cotidiano no pós-épico
O volume dois aprofunda a nova aventura de Frieren, agora com a companhia de Fern, uma jovem aprendiz resgatada e educada pelo sacerdote Heiter. Depois do falecimento de Heiter, Fern opta por permanecer ao lado de Frieren e a interação entre as duas se transforma no núcleo do volume.
A viagem prossegue com encontros esporádicos: a visita à um vilarejo atormentado por maldições, a recuperação de um grimório valioso e uma sequência de interações que mostram como Fern, uma jovem humana, e Frieren, uma elfa imortal, manejam o tempo, a memória e as relações emocionais de maneira distinta.
Também se destaca a presença de Aura, a Guardiã da Destruição, uma das Sete Sábias Remanescentes do exército do Rei Demônio, cuja aparição antecipa confrontos mais intensos que estão por vir.
Frieren e Fern viajam pelo globo numa viagem que mescla o comum e o extraordinário. A pressa não existe e o foco está nos pequenos atos — como Frieren reunindo grimórios ou auxiliando um vilarejo a enfrentar uma praga. Isso contraria a expectativa convencional do shonen de ação, aproximando Frieren de obras como Mushishi ou Natsume Yuujinchou.
Esta opção estética e narrativa é audaciosa: o "mundo após o feliz final" é retratado com melancolia, porém sem fatalismo. Trata-se de um mundo que persiste, mesmo diante das perdas - e é aí que reside sua beleza.
A conexão entre professor e aluno se estabelece de maneira silenciosa e repleta de sutilezas. Frieren, emocionalmente instável, começa a revelar-se gradualmente. Fern, apesar de jovem, exibe maturidade emocional e um sentido de responsabilidade.
O trecho em que Fern, no aniversário de morte de Heiter, simplesmente declara "você está chorando" ao perceber que Frieren estava emocionada sem se dar conta, é um dos mais comoventes. Ele resume o assunto do volume: emoções que transcendem o tempo, mesmo quando não as conseguimos nomear.
No segundo volume, o título original do mangá, Sousou no Frieren (algo como "Frieren em luto" ou "Frieren dos rituais de morte"), adquire um significado mais tangível. As recordações de Himmel e outros heróis surgem em reminiscências que não só situam o passado, mas também ajudam a compreender ações do presente.
Ao ler grimórios ou reviver diálogos passados, Frieren se depara com a sua própria incapacidade de entender seus companheiros enquanto estavam vivos. O mangá indica que o verdadeiro aprendizado de Frieren não é mágico, mas emocional: aprender a apreciar o tempo compartilhado com os demais.
Para certos leitores, o ritmo incrivelmente tranquilo pode ser percebido como um obstáculo. Existem pessoas que podem achar que o volume não progride muito na trama "ampliada" - a narrativa épica sobre o novo confronto contra os remanescentes do exército do Rei Demônio, por exemplo, ainda é apenas sugerida.
Ademais, há um perigo de repetição estrutural: visitar um local, lidar com um problema menor, experimentar um retrocesso, prosseguir com a viagem. Felizmente, a intensidade das conversas e a intensidade das emoções evitam que isso se torne maçante neste volume.
O segundo volume de Frieren representa um avanço consistente na construção de uma fantasia que se atreve a diminuir a velocidade. A ênfase no luto, na memória e nos sentimentos não experimentados confere à obra uma atmosfera quase literária. Trata-se de um mangá acerca do que sobra quando tudo já se foi — e sobre como prosseguir com delicadeza.
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