. Título original (japonês): ルーヴルの猫 (Rūvuru no Neko)
. Autor: Taiyo Matsumoto (松本大洋)
. Gênero: Drama, Fantasia, Realismo mágico, Arte
. Revista: Big Comic Original (editora Shogakukan)
. Editora nacional: JBC.
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Taiyo Matsumoto, no segundo e derradeiro volume de Os Gatos do Louvre, conduz a história a um estágio de amadurecimento melancólico e profundamente simbólico. O enigma estabelecido no volume anterior - acerca da relação entre arte, desaparecimento e memória - adquire novos níveis, enquanto o universo mágico dos felinos e o mundo tangível dos humanos se chocam de maneira inescapável.
O personagem principal é Filho da Neve, um insólito gato branco que consegue penetrar nas pinturas. Esta travessia vai além de uma habilidade mágica, revelando-se uma decisão existencial: o anseio de viver em um mundo onde a dor, o tempo e a responsabilidade não encontram espaço. No entanto, até mesmo dentro das obras, a persistência possui um custo - e a promessa de imortalidade começa a revelar seus limites.
Marcel, o guarda atormentado pelo sumiço da irmã, surge como o núcleo emocional do volume. A sua jornada - silenciosa, porém repleta de tensão - se funde ao enigma das pinturas vivas. Em uma descoberta simultaneamente emocionante e fascinante, ele finalmente encara o passado e percebe que a arte não é um refúgio definitivo, mas sim um reflexo do que ainda precisa ser curado no mundo real.
Por outro lado, Cecile começa a desempenhar um papel mais proativo, tentando entender os insólitos eventos do museu. A sua presença simboliza a visão sensível e lógica que busca equilibrar fantasia e realidade, o lado de fora e o interior das molduras.
Por outro lado, os gatos lidam com seus próprios dilemas. Antes quase contemplativa, a comunidade felina está passando por um processo de amadurecimento: enfrenta perdas, faz escolhas e se despede. O Filho da Neve transcende a mera excentricidade para se transformar em um emblema de tudo o que se recusa a se desenvolver - e do perigo de se perder em nome da fuga.
O Louvre, enquanto local, mantém sua natureza onírica. As pinturas, mais do que simplesmente obras de arte, representam universos viáveis — porém insustentáveis. Matsumoto nos recorda, com delicadeza, que mesmo que queiramos permanecer para sempre na beleza, a vida insiste em nos chamar de volta.
O segundo volume de Os Gatos do Louvre é um desfecho delicado, melancólico e profundamente humano. Taiyo Matsumoto evita reviravoltas ou resoluções grandiosas. Ao invés disso, escolhe um final tocante, no qual cada personagem, seja humano ou felino, precisa aprender a lidar com a dor, a lembrança e o momento atual.
No fim, a arte continua: como refúgio, como lembrança, como linguagem. E o leitor, sensibilizado por esta fábula contemporânea, deixa o livro com a impressão de ter passado por um museu silencioso, onde as obras de arte nos olham tanto quanto nós olhamos para elas.
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