Escrito por Arthur Vieira
. Título original: かぐや様は告らせたい ~天才たちの恋愛頭脳戦~ (Kaguya-sama wa Kokurasetai: Tensai-tachi no Renai Zunōsen)
. Editora original: Shueisha
. Editora brasileira: Panini (selo Planet Manga)
. Volume 1 de 28
Sinopse
Kaguya-sama: Love is War é um mangá de comédia romântica e “batalhas mentais” criado por Aka Akasaka, publicado na Weekly Young Jump de 2015 a 2022, com um total de 28 volumes.
A premissa é simples, mas engenhosamente desenvolvida: Kaguya Shinomiya, herdeira de uma família rica, e Miyuki Shirogane, presidente do conselho estudantil da prestigiada Academia Shuchiin, estão apaixonados um pelo outro — porém, nenhum deles quer confessar primeiro. Para eles, declarar-se é "perder" e abrir mão de poder na relação. Como resultado, há um confronto psicológico repleto de manipulações, armadilhas e interpretações distorcidas de situações simples.
O humor surge exatamente dessa escala absurda: conversas simples se transformam em “xadrez 5D”, e ações pequenas se tornam estratégias complexas. No entanto, o mangá transcende a comédia, explorando arcos dramáticos que abordam amizade, família e amadurecimento, particularmente na segunda metade, quando os personagens adquirem dimensões mais humanas e vulneráveis.
Resenha
O primeiro volume de Kaguya-sama: Love is War cumpre bem o papel de introduzir personagens, ambiente e estilo, enquanto expõe a mecânica principal da série: converter interações românticas simples em confrontos estratégicos dignos de um manual de guerra psicológica.
A estrutura episódica, quase antológica, possibilita que cada capítulo seja uma disputa independente — como a “guerra” para determinar quem convidará o outro para o cinema —, ao passo que pequenos ganchos conectam as situações. Aka Akasaka controla o ritmo humorístico: o narrador onisciente e sarcástico, que se assemelha a um personagem separado, comanda o processo, detalha de forma exagerada as estratégias mentais e ridiculariza as razões dos protagonistas.
No aspecto visual, o traço ainda apresenta certa rigidez neste primeiro volume, porém já evidencia o controle de expressões faciais exageradas, fundamentais para o humor. A montagem dos quadros é planejada para aumentar a tensão absurda, utilizando closes dramáticos e metáforas visuais para “batalhas” que, na verdade, são conversas comuns.
Como introdução, o volume faz um bom trabalho ao equilibrar o humor e a caracterização inicial de Kaguya Shinomiya e Miyuki Shirogane, mesmo que o desenvolvimento emocional ainda seja superficial — o que é compreensível em uma obra que, nesse início, se propõe a explorar um jogo constante de provocações. Apenas com personagens secundários, como Chika Fujiwara, o ritmo ganha fôlego e diversidade.
O aspecto mais vulnerável é a repetição da fórmula: na primeira interação, pode parecer um humor cíclico que se esgota rapidamente. Contudo, a qualidade da conversa e o timing adequado asseguram a vivacidade necessária para manter o volume.
Conclusão: O primeiro volume é um início promissor que define a identidade cômica e estética do trabalho. Embora ainda não revele todo o potencial dramático que se desenvolverá nos próximos volumes, proporciona uma leitura leve, espirituosa e com personalidade, ao passo que parodia e presta homenagem ao gênero romântico escolar.
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