Resenha Critica / Arthur Vieira
Textos dos volumes anteriores
Ficha Técnica
. Título original (japonês): 葬送のフリーレン 第4巻 (Sousou no Frieren Vol. 4)
. Arte: Tsukasa Abe (アベツカサ)
. Gênero: Fantasia, drama, aventura, slice of life
. Editora original (Japão): Shogakukan
. Editora brasileira: Panini
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Resenha
O quarto volume de Frieren representa uma significativa mudança na trajetória da protagonista. Até aquele momento, a narrativa seguia de maneira episódica e reflexiva, mas começa a adotar um tom mais coeso e organizado, preparando o terreno para o que se tornará um arco principal: o Exame de Mago de Primeira Classe. Apesar do aumento da ação, o mangá preserva sua essência melancólica e reflexiva, concentrando-se nos efeitos do tempo nas relações humanas e no desenvolvimento emocional da protagonista.
Neste volume, Frieren, acompanhada por Fern e Stark, chega a Äuberst, a cidade dos magos. É nesse ponto que a história começa a se aprofundar no mundo institucional da magia, introduzindo não só um novo conjunto de regras, mas também novos personagens que perturbam a tranquilidade da protagonista. O exame que ela opta por realizar — aparentemente por motivos práticos — transforma-se, assim como tudo na jornada de Frieren, um reflexo da alma, no qual o passado ressurge em pequenas doses sutis, frequentemente dolorosas.
Um dos méritos narrativos deste volume reside na apresentação de novos personagens que expandem a perspectiva ética e psicológica da trama. Dentre elas, há Übel, uma maga de comportamento imprevisível, cuja presença coloca em risco a estabilidade do grupo de testes ao qual Frieren foi designada. A tensão resultante desse conflito demonstra o quanto a elfa, apesar de sua longa experiência, ainda tem a aprender sobre confiança, imprevisibilidade humana e empatia em circunstâncias extremas. Mais do que uma avaliação técnica, o exame representa um desafio ao desenvolvimento emocional da protagonista.
O desenvolvimento de Fern é outro ponto relevante. A discípula de Frieren segue mostrando uma maturidade além de sua idade, atuando como uma intermediária entre o universo lógico da magia e o mundo emocional das relações humanas. Sua interação com Stark, caracterizada por uma tensão cômica e emocional constante, contrasta com a introspecção de Frieren, destacando a diferença entre aqueles que vivem o presente de forma intensa e aqueles que carregam os fardos do passado.
Em termos visuais, o mangá preserva seu estilo sofisticado e claro. A arte de Tsukasa Abe não visa o espetáculo, mas a sutileza das expressões e a criação de uma atmosfera envolvente. As páginas do exame transmitem uma quantidade considerável de ação e suspense, porém sem jamais afetar o ritmo contemplativo da história. Os confrontos são breves, porém intensos, e cada ato mágico possui um significado simbólico que transcende o simples poder.
Em essência, o que este volume confirma é a habilidade da obra de converter o gênero da fantasia em uma exploração filosófica sobre a passagem do tempo. Frieren permanece como uma personagem enigmática, porém suas respostas em relação aos humanos agora demonstram pequenas fissuras em sua armadura emocional. O teste que ela enfrenta não avalia apenas suas habilidades mágicas, mas também sua disposição para se abrir para os outros e, finalmente, compreender o que significa realmente conviver com alguém.
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